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terça-feira, 3 de junho de 2014
Análise 01 - Farsa de Inês Pereira
Escrita em 1523 em resposta a um desafio,
a Farsa de Inês Pereira é a peça mais bem-acabada de Gil Vicente,
dramaturgo que inaugurou o teatro português. Construída a partir de um dito
popular, a peça testemunha o conflito de valores que caracterizou o humanismo
em Portugal.
O AUTOR E
A ÉPOCA
Durante a
Idade Média portuguesa, os tipos de representação mais conhecidos foram os
mistérios (encenação de episódios da vida de Cristo e dos santos) e os milagres
(apresentação cênica de milagres operados pelos santos e pela Virgem), mas não
eram, a rigor, teatro, uma vez que essas composições não utilizavam a
fala. Quando Gil Vicente começou a escrever, não havia, portanto, modelos
portugueses que ele pudesse seguir. Por isso se inspirou no espanhol Juan del
Encina e produziu um teatro que, em Portugal, era uma grande novidade, conforme
afirmam testemunhos da época: "E vimos singularmente fazer representações
de estilo mui eloquente, de mui novas invenções, e feitos por Gil Vicente; ele
foi o que inventou isto cá, e o usou com mais graça e mais doutrina posto que
Juan del Encina o pastoril começou."
O MOMENTO
HISTÓRICO
O Portugal
do século XVI é uma nação rica em conquistas ultramarinas, mas deficiente em
produção agrícola e manufatureira. Para conseguir abastecer-se internamente a
única saída é trazer ouro e prata das viagens além-mar. A crise econômica gera
um descontentamento que ameaça os antigos valores, dissolvendo a aliança entre
clero e nobreza, entre mercadores e soberanos. Essa crise é retratada na obra
de Gil Vicente pelas personagens que buscam enriquecer a qualquer preço,
aproveitando a situação caótica do país.
EUROPA X
PORTUGAL
Em toda a Europa, o século XVI é o momento de
ascensão da burguesia, valorização da ciência e do homem e questionamento da
Igreja, com a Reforma protestante. Em Portugal, entretanto, desenvolve-se um
humanismo um pouco diferente: as ciências são valorizadas, mas o poder da
Igreja e da nobreza não é questionado. Muito pelo contrário: a Inquisição e a
Companhia de Jesus são os principais instrumentos da Contrarreforma, que chega
para reprimir a cultura humanista proporcionada pelo contato com outras
culturas, decorrente dos descobrimentos.
RELIGIOSIDADE
E REFORMISMO
Gil Vicente vive numa época de transição de
valores: os ideais medievais se chocam com a realidade renascentista. Esse
choque aparece nitidamente em sua obra. Critica os maus padres, mas poupa a
Igreja; critica os maus nobres, mas não questiona o poder real. Os valores
medievais são representados pela forte religiosidade, pela instituição da
Igreja, pelos dogmas da fé. Por outro lado, o espírito reformista aparece na
crítica aos padres que têm uma vida desregrada e exploram a ingenuidade dos
crentes para manipulá-los. Um exemplo disso é o sermão em que Gil Vicente
procura explicar racionalmente as causas do terremoto ocorrido em Lisboa,
enquanto os padres diziam que era a ira de Deus manifestando-se contra a falta
de fé dos cristãos-novos – os judeus convertidos ao cristianismo para escapar
da Inquisição. Trazendo flashes da vida social para o teatro,
as peças conquistam o público pela simplicidade com que mostram as falhas
humanas, para que as pessoas possam se corrigir e receber as bênçãos da vida
eterna. As peças conquistam o público pela simplicidade e divertem ao mesmo
tempo que ensinam.
Anote!
Gil Vicente é importante na
literatura portuguesa não só por fazer um retrato da sociedade de seu tempo,
mas principalmente por abordar a vida do homem na sua totalidade, desde os
problemas domésticos mais corriqueiros até os mais complicados conflitos
morais.
O GÊNERO
Gil Vicente é um artista medieval escrevendo em
plena Renascença, momento em que as próprias estruturas da arte estavam se
transformando. O auto, gênero muito popular até então, caracterizava-se pelo
conteúdo simbólico: os atores representavam entidades abstratas de caráter
religioso ou moral, como o pecado, a hipocrisia, a luxúria, a avareza, a
virtude, a bondade etc. Embora a Farsa de Inês Pereira tenha sido
publicada primeiramente como Auto de Inês Pereira, o conteúdo da peça não
corresponde às exigências do auto. Gil Vicente criou um novo gênero para o qual
não havia um nome na época, a farsa.
Anote!
A farsa é um tipo de
encenação teatral curta que explora situações engraçadas da vida cotidiana,
apelando para a caricatura e os exageros, a fim de fazer o espectador rir, mas,
ao contrário da comédia, não tem um fundo moralizante.
DESAFIO: UM DITO POPULAR
A popularidade de Gil Vicente despertou em seus
inimigos dúvidas sobre a autenticidade de suas peças. Em resposta a um desafio
do dramaturgo, os invejosos lhe propuseram como mote o ditado popular
"mais quero asno que me carregue do que cavalo que me derrube". A
resposta veio com a Farsa de Inês Pereira, de 1523. O equilíbrio da ação,
a graça das situações e o jogo de contrastes fizeram da peça a mais bem-acabada
do teatro vicentino. Apesar de apresentar críticas ao comportamento de vários
setores da sociedade, não há nessa obra nenhuma intenção moralizante, além
daquela inerente ao próprio mote que deu origem ao enredo.
ENREDO
Inês Pereira é uma jovem sonhadora que se sente
entediada com o trabalho doméstico. Despreza Pero Marques, um pretendente rico
e grosseiro, em nome de um ideal de marido sensível, mesmo que pobre. Casa-se
com Brás da Mata, um escudeiro galante que a conquista com belas palavras,
semelhantes às das cantigas de amor.
Antes que
mais diga agora Deus vos salve, fresca rosa, e vos dê por minha esposa, por
mulher e por senhora. Que bem vejo nesse ar, nesse despejo, mui graciosa
donzela, que vós sois, minha alma aquela que eu busco e que desejo.
Mas após o casamento, ele a explora e maltrata.
Vai para a guerra no Marrocos, onde morre, depois de se revelar um covarde. Com
essa experiência, Inês percebe que a realidade funciona muito mais na base da
conveniência do que da idealização e põe em prática a máxima "mais quero
asno que me carregue do que cavalo que me derrube".
"Agora quero tomar, pera boa vida gozar,
um muito manso marido. Não no quero já sabido, pois tão caro há-de
custar."
Aceita o pedido de casamento de Pero Marques e
passa a explorar a liberdade e a dedicação que ele lhe dá, chegando a,
literalmente, carregá-la nas costas para atravessar um rio.
Anote!
Com essa peça, Gil Vicente quer mostrar que a
sociedade da época é corrupta: a experiência de Inês Pereira mostra que o mundo
é dos espertos e quem se dá bem são os mais hábeis na manipulação do contraste
entre ser e parecer, entre essência e conveniência.
PERSONAGENS
Inês
Pereira → a personagem central dessa farsa
apresenta-se de duas maneiras distintas, segundo suas experiências. Primeiro,
enquanto é solteira, gosta de se divertir, é alegre e pouco afeita aos afazeres
domésticos. Não dá importância ao luxo, preferindo uma vida prazerosa, mesmo
que pobre. Depois que se casa com o Escudeiro e descobre quem ele
realmente é – a essência por trás da aparência –, Inês se vê obrigada a
reavaliar seus ideais. O resultado dessa sua desilusão é expresso no modo como
trata Pero Marques, seu segundo marido.
Pero Marques (um Parvo) →
representa o asno servil e é a personagem cômica da peça, por seu caráter
estúpido, ingênuo e honesto. Brás da Mata (um Escudeiro) → encarna
os oportunistas, abundantes na época de Gil Vicente, e é a personificação do
contraste entre aparência e essência.
Lianor
Vaz (uma Alcoviteira) → essa personagem se diferencia das
demais alcoviteiras do teatro vicentino, na medida em que se transforma numa
confidente honesta e bem-intencionada. É uma figura com moral apreciável e bons
conhecimentos na "arte" de promover casamentos. Assim como em Pero
Marques, sua honestidade e boa fé se aliam à falta de agudeza crítica.
Mãe de
Inês → luta pela felicidade da filha iludida, mas,
tendo dado seus conselhos, deixa -a aprender por si mesma, como mostram estes
versos, logo após o casamento de Inês com o Escudeiro:
"Mãe Ficai com Deus, filha minha,
não virei cá tão asinha.
A minha bênção hajais.
Esta casa em que ficais vos
dou,
e vou-me à casinha."
Dois judeus casamenteiros (Latão e Vidal) →
aparentam uma atitude bajuladora, mas na verdade suas afirmações constituem
críticas severas e justas tanto a Inês quanto ao Escudeiro. Conhecem bem os
defeitos do pretendente que arranjaram para a moça, mas também sabem da
preguiça, da vaidade e da leviandade de Inês. Por isso, zombam dos dois,
expondo seus defeitos.
Moço → é uma
versão plebeia do próprio Escudeiro e é por ele que se conhecem os sentimentos
e as intenções de Brás da Mata. Após a partida do patrão para o Marrocos, Inês
fica aos cuidados do Moço, que a vigia o tempo todo.
Moços
e moças amigos de Inês → Fernando e Luzia são uma espécie de
ideal de vida, encarnam a bondade e a pureza, a simplicidade e a ternura.
Entretanto, é a morte e o desencanto presente em suas canções que desperta um
vago pressentimento em Inês, anunciando o futuro que a espera.
Um Ermitão → essa personagem serve
como pretexto para mostrar concretamente o "asno" transportando Inês.
Devia haver um caminho a percorrer e, como os ermitães viviam retirados, a
verossimilhança era preservada. Além disso, por se tratar de uma jornada
religiosa, o marido pode acompanhar Inês sem desconfiar de suas reais
intenções. Gil Vicente serve-se ainda dessa personagem para criticar os maus
padres de sua época, corrompidos pelos interesses materiais. Ao grupo deles
pertence o clérigo que teria assediado Lianor Vaz.
ESTRUTURA
Construída a partir do ditado "mais quero
asno que me carregue do que cavalo que me derrube", a peça incorpora em
sua estrutura a simetria existente entre os dois termos dessa comparação: Pero
Marques encarna o asno que carregará Inês, enquanto o Escudeiro é o cavalo que
a derruba. Para pôr em cena esses elementos, Gil Vicente utilizou na
caracterização de Pero Marques aspectos que o aproximam de um asno: é parvo,
teimoso, deselegante e servil. O Escudeiro, ao contrário, assemelha-se ao cavalo,
pois se apresenta como um nobre e elegante cavaleiro. Entretanto, essa
semelhança se esgota na aparência, pois quaisquer outras características que se
poderiam atribuir aos cavalos (como lealdade, generosidade, valentia) ele não
tem: é mentiroso, cínico, preguiçoso e covarde. Pode-se dizer que Lianor Vaz
reforça o grupo de Pero Marques, a considerar seus valores: não tem interesses
financeiros, é honesta, sensata e preocupada com o futuro de Inês, ao contrário
dos judeus Latão e Vidigal, que são desonestos, mentirosos, mercenários e
indiferentes ao futuro da moça. Para seguir à risca a comparação de
superioridade que subjaz ao enredo ("mais quero asno que me carregue do
que cavalo que me derrube"), é necessário mostrar que Pero Marques tem
valores autênticos, os valores medievais, enquanto Brás da Mata se move por
interesses materialistas, como os que predominam na época de Gil Vicente.
O dito popular é cumprido literalmente nessa farsa: o asno não é melhor do que
o cavalo, mas se torna preferível na medida em que não oferece perigo.
RECURSOS
LINGUÍSTICOS
a) A ironia, que é utilizada na peça
como instrumento de crítica e motivadora do riso, aparece em inúmeras formas,
ora as palavras expressando seu sentido oposto, ora jogando com o duplo
sentido, ora acentuando a desproporção entre uma ação e sua finalidade. São
exemplos de ironia nessa farsa:
"Inês - Mas eu,
mãe, são aguçosa e vós dai-vos de vaga
Ou seja, Inês tem vontade de se casar e a mãe,
que a chama de preguiçosa, é quem tem resistido em consenti-lo, dados os ideais
de marido expressos pela filha.
"Mãe - Mana,
conhecia-te ele? Lianor -Mas queria conhecer-me!"
Aqui, o
efeito cômico é construído a partir do duplo sentido do verbo conhecer: saber e
relacionar-se sexualmente.
"Mãe - Que siso,
Inês, que siso tens debaixo desses véus."
A Mãe refere-se ao juízo de Inês, ironicamente,
para reforçar a falta de juízo da filha.
"Vidal [...]
escudeiro cantador
e caçador de pardais,
sabedor, revolvedor, f
alador, gracejador
,, afoitado pela mão,
e sabe de gavião...
Tomai-o por meu amor."
Nessa fala de Vidigal, que apresenta o
pretendente a Inês, é mais uma vez explorado o duplo sentido. Se, por um lado,
o fato de ser afoitado pela mão pode ser positivo, indicando sua valentia, por
outro lado expõe sua tendência a se apropriar indevidamente do que não lhe
pertence. Se ele sabe de gavião, é porque é bom caçador ou porque é desonesto,
uma ave de rapina.
"Inês Mostrai cá, meu guarda-mor, e
veremos o que é que vem."
Aqui, a ironia de Inês Pereira se dirige ao Moço,
seu miserável carcereiro. Chamando-o de guarda-mor, tratamento que então era
dispensado aos fidalgos da Guarda Real, Inês joga com a desproporção entre a
denominação que lhe dá e a real condição do Moço.
b) Cantigas que resumem ou comentam
a ação, ou exprimem o estado de espírito de quem as canta.
"Mal herida va La
garça enamorada,
sola va y gritos dava.
A las orillas de um rio
la garça tenia el nido;
ballestero la ha herido
en el alma;
sola va y gritos dava."
Essa cantiga aparece na festa de casamento de
Inês, cantada por seus amigos. Tem a função de resumir os acontecimentos, além
de prever um futuro infeliz: a garça simboliza a própria Inês, caminhando
triste e sozinha, depois que um caçador, o Escudeiro, destruiu seus ideais.
"Inês - Quem bem tem e mal
escolhepor mal que lhe venha não s'anoje."
Essa cantiga traduz o estado de espírito de Inês
Pereira depois da desilusão com o marido que escolhera, quando tinha a
possibilidade de casar-se com Pero Marques: responsável pela opção que fizera,
agora não pode reclamar.
c) O modo de falar das personagens
é o principal recurso utilizado por Gil Vicente para representar a oposição
entre os mais elevados valores morais e os novos valores materialistas.
• A oposição entre o mundo idealizado por Inês e
a conveniência pregada pela mãe está expressa na fala de cada uma. Inês, que
apesar dos conselhos da mãe confia nos próprios ideais, utiliza palavras
ligadas à diversão ("folgar", "prazer"), enquanto a mãe
emprega um vocabulário que denota obrigação ("tarefa",
"preguiçosa").
• A fala de Pero Marques evidencia seu caráter
simplório e honesto, que é ridicularizado por Inês, ao passo que o Escudeiro,
dizendo belas palavras (mas sendo mau caráter), é privilegiado na escolha de um
marido para a moça. Ou seja, o modo de falar também serve ao jogo da aparência
versus essência.
VIDA E
OBRA DE GIL VICENTE
Não existem documentos que comprovem com
segurança o local e a data de nascimento e morte do dramaturgo português Gil
Vicente. Mas todas as evidências indicam que ele nasceu em Guimarães, em 1465,
e morreu em Évora, em 1537, onde foi sepultado no Mosteiro de São Francisco.
Teria sido ourives de dona Leonor, a Rainha Velha, e pelos seus conhecimentos
teológicos e filosóficos é provável que tenha recebido formação intelectual,
apesar da origem popular (ou burguesa: também não se sabe ao certo a que classe
social pertencia). Como organizador oficial dos festejos da Corte, Gil Vicente
desfrutava de um prestígio que fazia dele mais do que um mero bobo-da-corte. E,
aproveitando esse prestígio, utilizou seu teatro para atacar os vícios de todas
as classes sociais, incluindo as pessoas do rei e do papa. O escritor
presenciou e documentou as profundas transformações que o Renascimento e a
expansão ultramarina trouxeram ao Portugal de sua época. Por isso é considerado
o grande repórter do século XVI. Casou-se duas vezes, primeiro com Branca
Bezerra e depois com Melícia Rodrigues. Dos dois casamentos, Gil Vicente teve
cinco filhos, dois dos quais, Paula Vicente e Luís Vicente, fizeram em 1562 a
compilação de todas as obras do pai. Em 34 anos de trabalho, escreveu 47 obras,
entre as quais estão o Monólogo do Vaqueiro ou Auto da
Visitação (1502), apresentado por ocasião do nascimento de d. João
III, Auto da Índia (1509), O Velho e a
Horta (1512), Quem Tem Farelos? (1515), Auto da Barca do
Inferno (1517), Auto da Alma (1518), Farsa de Inês Pereira (1523)
e Auto da Lusitânia (1532).
Atividades relacionadas
Farsa de
Inês Pereira, de Gil Vicente
1. (UNIFESP)
Para responder à questão, leia os versos seguintes, da famosa Farsa de Inês Pereira, escrita
por Gil Vicente:
Andar!
Pero Marques seja!
Quero tomar por esposo
quem se tenha por ditoso
de cada vez que me veja.
Meu desejo eu retempero:
asno que me leve quero,
não cavalo valentão:
antes lebre que leão,
antes lavrador que Nero.
Quero tomar por esposo
quem se tenha por ditoso
de cada vez que me veja.
Meu desejo eu retempero:
asno que me leve quero,
não cavalo valentão:
antes lebre que leão,
antes lavrador que Nero.
Sobre a Farsa de Inês Pereira, é correto afirmar que é
um texto de natureza:
(A) satírica, pertencente ao Humanismo português,
em que se ridiculariza a ascensão social de Inês Pereira por meio de um
casamento de conveniências.
(B) didático-moralizante, do Barroco português, no qual as contradições humanas entre a vida terrena e a espiritual são apresentadas a partir dos casamentos complicados de Inês Pereira.
(C) religiosa, pertencente ao Renascimento português, no qual se delineia o papel moralizante, com vistas à transformação do homem, a partir das situações embaraçosas vividas por Inês Pereira.
(D) reformadora, do Renascimento português, com forte apelo religioso, pois se apresenta a religião como forma de orientar e salvar as pessoas pecadoras.
(E) cômica, pertencente ao Humanismo português, no qual Gil Vicente, de forma sutil e irônica, critica a sociedade mercantil emergente, que prioriza os valores essencialmente materialistas.
(B) didático-moralizante, do Barroco português, no qual as contradições humanas entre a vida terrena e a espiritual são apresentadas a partir dos casamentos complicados de Inês Pereira.
(C) religiosa, pertencente ao Renascimento português, no qual se delineia o papel moralizante, com vistas à transformação do homem, a partir das situações embaraçosas vividas por Inês Pereira.
(D) reformadora, do Renascimento português, com forte apelo religioso, pois se apresenta a religião como forma de orientar e salvar as pessoas pecadoras.
(E) cômica, pertencente ao Humanismo português, no qual Gil Vicente, de forma sutil e irônica, critica a sociedade mercantil emergente, que prioriza os valores essencialmente materialistas.
2. (PUC-SP) O argumento da peça A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, consiste na demonstração do refrão popular “Mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube”. Identifique a alternativa que não corresponde ao provérbio, na construção da farsa:
(A) A segunda parte do provérbio ilustra a
experiência desastrosa do primeiro casamento.
(B) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo,animal nobre, que a derruba.
(C) O segundo casamento exemplifica o primeiro termo, asno que a carrega.
(D) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro pretendente e segundo marido de Inês.
(E) Cavalo e asno identificam a mesma personagem em diferentes momentos de sua vida conjugal
(B) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo,animal nobre, que a derruba.
(C) O segundo casamento exemplifica o primeiro termo, asno que a carrega.
(D) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro pretendente e segundo marido de Inês.
(E) Cavalo e asno identificam a mesma personagem em diferentes momentos de sua vida conjugal
3-
(Fuvest-SP) Na Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente:
a) Retoma a
análise do amor do velho apaixonado, desenvolvida em O velho da horta.
b) Mostra a
humilhação da jovem que não pode escolher seu marido, tema de várias peças
desse autor.
c) Denuncia
a revolta da jovem confinada aos serviços domésticos, o que confere atualidade
à obra.
d) Conta a
história de uma jovem que assassina o marido para se livrar dos maus-tratos.
e) Aponta, quando
Lianor narra as ações do clérigo, uma solução religiosa para a decadência moral
de seu tempo.
4- (UM-SP) Leia as três
afirmações abaixo a respeito da Farsa de Inês Pereira.
I- Pode ser colocada
como representante do teatro de costumes vicentino.
II- Encaixa-se na
tradição da farsa medieval sobre o adultério feminino desenvolvida por Gil
Vicente.
III- Inês Pereira é uma
moça que vive na vila e pretende subir de condição.
a) Todas estão corretas. b) Todas estão incorretas. c) Apenas a
I e a I estão corretas. d) Apenas a I e a I estão corretas. e) Apenas a I e a II estão
corretas.
5- (Fuvest-SP) Aponte a alternativa correta
em relação a Gil Vicente:
a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
b) Introduziu a lírica trovadoresca em
Portugal.
c) Escreveu a novela trovadoresca Amadis de
Gaula.
d) Só
escreveu peças em português.
e) Representa o melhor do teatro clássico
português.
6- (UNESP) Vem o Anjo Custódio com a Alma e
diz:
Alma humana formada De nenhuma cousa, feita Mui
preciosa, De corrupção separada, E esmaltada Naquella frágoa perfeita Gloriosa;
Planta neste valle posta Pera dar celestes flores Olorosas, E pera serdes
tresposta Em a alta costa Onde se crião primores Mais que rosas; Planta sois e
caminheira, Que ainda que estais, vos is Donde viestes. Vossa pátria verdadeira
He ser verdadeira Da glória que conseguis: Andae prestes”.
O
texto acima transcrito pertence ao autor teatral
de maior destaque na literatura portuguesa.
Pelo próprio texto se pode identificar a época em que foi escrito.
Assim, assinale, em uma das alternativas, a relação época-autor a que o texto
pertence:
a)
teatro medieval – Gil Vicente b) teatro clássico – Luís de Camões c) teatro
romântico – Almeida Garret d) teatro naturalista – Teixeira de Queirós e) teatro moderno –
Almada Negreiros
7-
(UNIP) Seu teatro caracteriza-se, antes de tudo, por ser primitivo, rudimentar
e popular, muito embora tenha surgido e se tenha desenvolvido no ambiente da Corte,
para servir de entretenimento nos animados serões oferecidos pelo Rei. Entre
suas obras destacam-se Monólogo do Vaqueiro, Floresta de enganos, O velho da horta,
Quem tem farelos? . Trata-se de:
a) Martins Pena b) José de Alencar c) Gil
Vicente d) Artur de Azevedo e) Sá de Miranda
8) O teatro , de suas
origens até o séc.XIX, se serve do verso como forma de expressão. Fiel á
tradição , Gil Vicente fez uso das métricas mais utilizadas na poesia medieval.
Classifique o tipo de verso empregado em A Farsa de Inês Pereira.
9) O teatro vicentino é
uma sátira à sociedade portuguesa. Para fazer essa sátira , ele se serve de
tipos sociais bem definidos, caracterizados não só pela visão de mundo peculiar
de cada um mas também pelas particularidades de sua linguagem .
Comprove os dados
contidos nessa afirmação, realizando as propostas a seguir:
a) Faça um levantamento
dos provérbios contidos nas falas da mãe de Inês Pereira. Compare a linguagem da mãe à de Inês
Pereira e verifique que diferença há entre elas.
b) Um dos tipos sociais observados
com mais realismo por Gil Vicente é a “moça da vila”, isto é, a moça que vive
na vila, fora da corte, num aglomerado
urbano: ela pretende subir de condição social e, para isso , almeja casar-se
com um escudeiro. Na farsa em estudo, Inês pereira representa a moça da vila .
Caracterize-a.
c) Por meio das personagens Latão e Vidal,
indique o papel desempenhado pelos judeus
nessa sociedade.
d) Por meio da
personagem Lianor Vaz, indique o papel desempenhado pela alcoviteira nessa
sociedade.
e) Brás da Mata, o
escudeiro, representa a nobreza decadente na Baixa Idade Média . Retire do
texto elementos que comprovem essa afirmação.
10) Indique os costumes
da época vicentina observados na Farsa de Inês Pereira em relação: à sedução,
ao pagamento de serviços, À EDUCAÇÃO DOMÉSTICA.
11) Na Farsa de Inês Pereira, o escudeiro morre
no momento em Pero Marques herda a fortuna do pai. A simultaneidade desses
acontecimentos mostra que o nobre é substituído pelo tolo que possui dinheiro.
O que isso significa no contexto das transformações históricas no início do
séc.XVI?
12) A Farsa de Inês
Pereira é uma peça picante que diverte moralizando. Qual é sua moralidade?
Fonte:
CEREJA, W.R.;
MAGALHÃES, T.C. PORTUGUÊS: LINGUAGENS: literatura,produção
de texto r gramática, vol.I. 3ªed.São Paulo:Atual,1999
Questões:
A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. Disponível em http://www.passeiweb.com/preparacao/banco_de_questoes/portugues/a_farsa_de_ines_pereira
Literatura Humanismo disponível em <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfWiUAI/literatura-aula-02-humanismo?>
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